Nicole Kennedy e o marido decidiram restringir o tempo de telas dos três filhos. A ideia surgiu durante uma viagem de férias e mudou a forma como os pequenos se relacionam com os eletrônicos: “A tecnologia havia se infiltrado em nossas vidas e os contras superavam os prós”
Nicole Kennedy e seu marido, Tom, passavam um feriado em Dubai com os três filhos e ficaram chocados quando as crianças disseram que “preferiam ficar no quarto do hotel jogando Minecraft a visitar o maior parque aquático do mundo”. Eles, então, decidiram impor uma nova regra: nada de eletrônicos durante as viagens. A decisão deu tão certo que, agora, os pequenos só usam os gadgets por uma hora durante o fim de semana.
Em um relato ao tabloide britânico The Mirror, Nicole contou como a medida mudou a forma como os filhos se relacionam com a tecnologia. “Eu estava no 11º andar de um lindo hotel em Dubai em outubro passado, com vista para o maior parque aquático do mundo e para o oceano, quando percebi que algo havia dado muito errado. Eu tinha acabado de chamar meus três filhos (então com 4, 6 e 8 anos) e disse que era hora de irmos ao parque aquático, e os três começaram a reclamar e chorar que queriam terminar os jogos que estavam jogando em seus aparelhos primeiro”, afirmou.
Segundo a mãe, essa não foi a primeira vez que os meninos reclamaram durante uma viagem e que eles pediam seus eletrônicos com frequência. Quando eles iam à praia ou saíam para aproveitar diferentes passeios, as crianças ficavam encantadas com a cidade, mas isso só durava alguns poucos momentos. “Logo eles começavam a pedir de novo: ‘Podemos ter um tempo de tecnologia?’”, revelou. A resposta para o pedido era sempre a mesma: “Não”.
Nicole disse que foi “irritante” perceber que a família não estava aproveitando o tempo juntos. Essas eram as primeiras férias que eles tinham depois de quase três anos e, ao invés de ser um momento precioso, na verdade, estava sendo tudo muito estressante. A mãe percebeu, no entanto, que não eram só os filhos dela que mantinham o mesmo comportamento em frente às telas. No hotel, ela se recorda de ver outras crianças agarradas aos seus tablets e celulares, algo que ela considera “depressivo”.
Segundo Nicole, os filhos não eram tão focados em tecnologia antes, mas depois da pandemia e das aulas remotas eles acabaram se tornando todos muito dependentes dela. “Percebi que meus filhos não sabiam ficar entediados. E ficar entediado quando criança é ótimo. Na verdade, acho essencial”, destacou. “Quando você fica entediado, a sua imaginação entra em ação. A tecnologia havia se infiltrado em nossas vidas e agora os contras superavam os prós, mas o que poderíamos fazer a respeito? No final de nossas férias, eu estava convencida de que precisávamos fazer uma mudança significativa”, acrescentou.
Ela, então, decidiu conversar com os filhos e explicar suas preocupações quanto às telas. No final, ela concluiu que eles deveriam dar um tempo delas, incluindo a televisão. “Eles estavam todos chateados inicialmente e os primeiros dias foram difíceis. Houve birras e lágrimas, de todos nós. Mas com o passar dos dias, os meninos ficaram visivelmente mais calmos. Menos agitados. Mais receptivos ao plano ‘sem tecnologia’”, revelou.
Nicole chegou a mostrar aos filhos artigos que detalhavam como a tecnologia é projetada para ser algo viciante e o assunto foi transformando a frustração deles. “Lentamente, eles começaram a esquecer as telas. Em vez disso, eles se mantinham ocupados criando seus próprios quadrinhos e jogos, modelando, construindo cabanas e jogando futebol. Coisas pelas quais eles tinham perdido o interesse”, relatou.
Atualmente, Nicole permite que os filhos tenham acesso à tecnologia apenas por uma hora durante os finais de semana. De acordo com a mãe, eles têm obedecido bem à regra e pararam de pedir para usar os eletrônicos no dia a dia. Além disso, eles não levam mais seus aparelhos quando a família sai em viagens. “Vivemos em um mundo centrado na tecnologia. Não podemos evitá-la totalmente, mas queremos ensiná-los a usá-la com um equilíbrio saudável”, finalizou.
Fonte: globo.com